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Antigo Farol de Alexandria. Recuperados 22 blocos monumentais de pedra das águas egípcias
Uma equipa do Centro Francês Nacional de Investigação Científica retirou com sucesso 22 dos maiores blocos de pedra maciça que constituíam o Farol de Alexandria, submersos no mar Mediterrâneo. Esta operação, integrada no Projeto PHAROS, vai permitir o estudo e a digitalização dos elementos arquitetónicos. Depois, como um puzzle, as peças serão reposicionadas virtualmente para testar hipóteses sobre a construção e o colapso do farol.
Construído no século III a.C., por ordem do rei egípcio Ptolomeu I, o Farol ou Pharos de Alexandria tinha uma altura de 100 metros e foi considerado uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo.
A construção do imponente farol ficou a cargo do arquiteto grego Sostratus de Cnidus e instalado na ilha de Pharos, na foz do porto. O equipamento monumental guiava as embarcações através das águas costeiras de Alexandria e simbolizava o poder da cidade e o prestígio de seus construtores.
A luz emitida por este equipamento náutico era produzida por um grande incêndio, provavelmente alimentado por madeira ou óleo, formando um feixe concentrado que poderia ser visto a até 50 quilómetros de distância, de acordo com escritores antigos.
Em 1303, um terramoto derrubou o farol monumental até então considerado o edifício mais alto do mundo.
Desenho de 1909 baseado em descrições antigas | Imagem de domínio público
Parte das pedras foram recicladas pelo Sultão Al-Ashraf Sayf al-Din Qa'it Bay para construir uma fortaleza no mesmo lugar em 1477, todas as outras ficaram submersas no Mediterrâneo.
Embora parte da estrutura afundada no porto de Alexandria tenha sido avistada em 1968, o trabalho arqueológico sistemático apenas começou em 1994/95.
O arqueólogo Jean-Yves Empereur, do Centre d'Études Alexandrines (CEAlex), liderou uma exploração em grande escala e descobriu os restos subaquáticos de Pharos.
A equipa de Empereur documentou mais de 3.300 objetos, como esfinges, obeliscos, colunas e blocos de granito. Mais de 100 desses elementos arquitetónicos foram digitalizados no fundo do mar na última década.
Escavação subaquática | Programas GEDEON / CEAlex
Operação e projeto PHAROS
Financiado pela La Fondation Dassault Systémes o projeto PHAROS reúne historiadores, especialista em numismática, arqueólogos e arquitetos para recolher representações e descrições antigas do farol.
Financiado pela La Fondation Dassault Systémes o projeto PHAROS reúne historiadores, especialista em numismática, arqueólogos e arquitetos para recolher representações e descrições antigas do farol.
A arqueóloga e arquiteta Isabelle Hairy, do Centro Francês Nacional de Investigação Científica (CNRS), supervisionou a equipa que retirou 22 dos maiores blocos de pedra maciça do farol que estavam depositados no fundo do mar.
Cada um desses blocos pesa "entre 70 a 80 toneladas e incluem fragmentos de lintel da porta monumental e batentes, bem como um pilar desconhecido associado a uma porta de estilo egípcio", descrevem os investigadores do projeto.
Projeção do lintel com escala humana | Programas GEDEON / CEAlex
Gémeo virtual do Farol de Alexandria
Cada um desses blocos será digitalizado usando a tecnologia de fotogrametria detalhada. Os dados seguem depois para engenheiros da Fundação Dassault Sysémes.
Gémeo virtual do Farol de Alexandria
Cada um desses blocos será digitalizado usando a tecnologia de fotogrametria detalhada. Os dados seguem depois para engenheiros da Fundação Dassault Sysémes.
Esses especialistas analisarão digital e virtualmente as peças e tentarão reposicionar os blocos como se os fragmentos fossem peças de um grande quebra-cabeça arqueológico.
Um dos blocos resgatados do fundo do Maditerrâneo | Programas GEDEON / CEAlex
Ao juntar essas imagens, os investigadores vão desenvolver um modelo virtual 3D do farol que deverá fornecer novas pistas sobre a sua construção, design e a destruição.
Deste exercício resultará um farol virtual gémeo do Pharos de Alexandria, reconstituindo os momentos de glória e colapso do monumento.
"Estas descobertas complementam os parâmetros já disponíveis para a reconstrução digital em curso, lançando luz sobre a arquitetura única do farol – crucial, já que nenhum dos principais faróis antigos sobrevive nos dias de hoje", afirmam os especialistas da fundação.